O escritor, político, engenheiro agrônomo e Poeta, com letra maiúscula, Antonio Nonato Marques, autor de “A Poesia era uma festa” (1996) era também um memorialista de mão cheia. Em resumo, Antonio Nonato Marques nasceu na antiga Vila Bela de Santo Antonio das Queimadas, atual cidade de Queimadas – Bahia, no dia 27 de abril de 1910 e morreu no dia 5 de abril de 2006, ou seja, 22 dias antes de completar 96 anos de idade. Fez seu curso elementar em sua cidade natal e o curso complementar na cidade de Alagoinhas. Em 1924 começou a fazer exames preparatórios no antigo Ginásio da Bahia. Em 1934 prestou exame vestibular para a Escola Agrícola da Bahia, onde se diplomou tendo sido escolhido como orador da turma de Engenheiros Agrônomos de 1937.
Como agrônomo ocupou muitos cargos inclusive o de Secretário da Agricultura e Comércio da Bahia e Presidente do Instituto Baiano do Fumo entre outros. Foi deputado estadual pela “coligação baiana” (PSD/PTB) eleito em 1950 e deputado federal em 1954 pelo PSD (Partido Social Democrático) tendo se reelegido para mais dois mandatos na Câmara Federal, em 1961 e 1964. Permaneceu na Câmara Federal até 1967, quando se afastou definitivamente da política. Depois passou a se dedicar a funções ligadas à sua profissão de agrônomo.
Na área acadêmica foi diretor da Escola de Agronomia de Cruz das Almas e fundador da Faculdade de Medicina Veterinária da UFBA. Em sua homenagem, a EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário mantém, aqui em Salvador, no bairro da Ondina, um herbário com seu nome e que foi fundado em 1952 com um acervo de 13 mil espécies.
Nonato nos deixou um legado como obras. Deixou também viúva, dona Maria Angélica Marques, sete filhos, 13 netos e quatros bisnetos, a quem estendo esta homenagem com a palavra de muito obrigado, por ter ajudado na edificação da obra deste poeta encantado. Para finalizar vou recitar alguns poema do POETA NONATO MARQUES:
DESPEDIDA
Nonato Marques
Foi bem ali naquela ponte estreita
- em tudo a um cromo antigo parecida –
que ela tristonha e um tanto contrafeita
levou-me seu adeus de despedida.
Entre meus braços tensos envolvida,
ela por entre lágrimas desfeita
maldizia a desdita da partida
que ia forçada a viver insatisfeita.
ela por entre lágrimas desfeita
maldizia a desdita da partida
que ia forçada a viver insatisfeita.
Era a separação. Era a distância.
Era a ausência cruel – próxima e expressa –
que violentava um grande amor de infância.
que violentava um grande amor de infância.
Pelo meu rosto junto a minha fronte
as lágrimas corriam mais depressa
do que a água que corria sob a ponte...
as lágrimas corriam mais depressa
do que a água que corria sob a ponte...
BONECA
Nonato Marques
Porque ela é tão pequena e tão franzina
até receio quando alguém nos vê
beijar suas mãositas de musmê
ante seus olhos grandes de menina.
Ela parece assim (não sei porquê)
tendo uma boca rubra e pequenina,
uma boneca original da China
que ri e dança namora e lê.
até receio quando alguém nos vê
beijar suas mãositas de musmê
ante seus olhos grandes de menina.
Ela parece assim (não sei porquê)
tendo uma boca rubra e pequenina,
uma boneca original da China
que ri e dança namora e lê.
Tenho receio de tocar de leve
aquela alvinha como a neve,
aquela carne tentadora e louca.
aquela alvinha como a neve,
aquela carne tentadora e louca.
Se beijo-a muito, tenho muita pena
porque ela é tão franzina e tão pequena
que o meu beijo mau cabe em sua boca.
porque ela é tão franzina e tão pequena
que o meu beijo mau cabe em sua boca.
Casa do escritor Nonato marques, Queimadas bahia